Viagens e Aventuras

Parque Nacional do Caparaó – Parte 1

Eu estava na internet olhando os meus emails quando a Carol Emboava me convidou para uma viagem no meio da semana para o Parque Nacional do Caparaó. Como eu estava precisando de umas mini-férias aceitei o convite de primeira e acabei unindo o útil ao agradável, fiz ótimas montanhas e conheci muita gente boa, assim foi essa semana que passamos no Caparaó, e aí embaixo está o relato desta trip.

Pra mim a viagem começou mais ou menos um mês antes da partida, mais ou menos por volta do dia 11 de junho. O planejamento já estava acontecendo antes, mas eu fui convidado quando faltava pouco tempo mesmo, viram como o pessoal gosta de mim?

Do Rio de Janeiro até o abrigo de montanha do Terreirão

Saí do Rio de Janeiro rumo a Manhumirim-MG por volta da 22h do dia 11 de julho, foram 7 horas e meia de viagem até a cidade mineira. Cheguei lá por volta das 05:40 da manhã e aguardei na rodoviária até que o pessoal chegasse no ônibus de São Paulo – o que aconteceu por volta das 08:20. O pessoal se reuniu em São Paulo e veio junto no mesmo ônibus o que facilitou um pouco as coisas, já que tínhamos um casal do Paraná também. A empresa de ônibus que sai aqui do Rio para Manhumirim é a Rio Doce e a passagem custa cerca de R$ 70,00 atualmente (2010).

Apresentações feitas, nós fomos decidir como seria a ida até o Alto Caparaó. O combinado era pegar um ônibus na rodoviária de Manhumirim até o Alto Caparaó e de lá seguir com um jeep alugado até o parque. Porém a Carol não conseguiu contato com o pessoal do jeep no dia anterior e nós acabamos fechando com dois taxistas para nos levar até a portaria do parque, fazer o check in e nos deixar no Tronqueira, área de camping onde termina a estrada e começa a trilha de 3,7KM até o Terreirão, onde ficaríamos durante uma semana no abrigo de montanha do parque.

Os taxistas nos cobraram R$ 260,00 para nos levar e nos buscar no dia 17. O roteiro era simples, Manhumirim-Tronqueira e depois de volta. Esse valor deu a bagatela de R$ 32,50 para cada um (estávamos em 8 pessoas). Aceitamos o valor e combinamos que iríamos pagar uma parte na ida e outra na volta. Embarcamos nos taxis e fomos para a entrada do Parque Nacional do Caparaó. Chegando lá acertamos os valores de entrada e aluguel do abrigo de montanha – respectivamente R$ 10,00 e R$ 50,00 por 5 dias no abrigo. Pegamos a chave do abrigo e subimos.

Fiquei meio espantado com esse negócio da chave, isso era novidade pra mim, já que em todos os locais que eu estive os abrigos sempre tinham uma administração qualquer. Lá no Caparaó o abrigo fica sob controle dos visitantes. Tivemos uma casa de montanha só pra nós durante a nossa estada no parque. Cada pernoite no abrigo custa R$ 10,00, se tivéssemos optado por acampar pagaríamos R$ 6,00 por pernoite. A diferença seria de R$ 20,00 a menos, o que ao meu ver não é muito e acaba compensando já que podemos ir sem barraca e ganhamos o conforto de uma casa de alvenaria – ainda que ela não tenha luxo nenhum.

Outra moleza que a galera adotou foi o uso de mulas no trecho entre a Tronqueira e o Terreirão, o serviço é comum neste trecho. Aproveitamos para despachar as cargueiras e subimos os 3,7 Km entre a Tronqueira e o Terreirão somente com as mochilas de ataque, isso pouparia o desgaste de alguns e deixaria a galera mais inteira para o ataque da madrugada do dia seguinte, um ataque triplo, onde faríamos de uma só vez o Pico da Bandeira, Pico do Calçado e o Pico do Cristal. O serviço de mulas para carregar nossas cargueiras custou R$ 100,00 (duas mulas), o que deu R$ 12,50 para cada um. Abaixo está uma imagem com a marcação da trilha mostrando uma idéia do trecho percorrido na chegada ao parque, como eu disse antes o trecho da portaria até a Tronqueira foi feito de carro e de lá até o Terreirão seguimos pela trilha com as mulas levando as cargueiras.

Tracklog do Caparaó

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(Entrada do Parque e área de camping da Tronqueira)

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(Vista do mirante da Tronqueira e Mulas)

A caminhada é relativamente suave, mas o sol estava castigando bastante naquela manhã, o que desgastava um pouco o pessoal. Mesmo assim a subida do Vale Encantado levou apenas 1h e 30 minutos para ser concluída. O visual é bem árido e a vegetação baixa contribui para o sol desgastar ainda mais os visitantes. A trilha sobe em grande parte ladeada pelo rio que corta o vale. No meio do caminho, mais ou menos 1,5 Km existe uma grande araucária, o que simplifica a noção de posicionamento de quem percorre a trilha. Mas mesmo que a árvore não existisse o visitante não ficaria muito desorientado, a trilha é muito sinalizada e inclusive apresenta placas com a marcação da distância percorrida até aquele ponto.

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(Vistas da trilha entre a Tronqueira e o Terreirão, trilha que segue paralela ao Vale Encantado)

O Terreirão, como o nome sugere, é uma enorme área de camping. A área mais próxima dos principais picos do parque – Pico da Bandeira, Calçado e Cristal, por isso mesmo é de lá que costuma partir a maioria dos grupos de visitantes que fazem a trilha até esses picos. A estrutura da área é boa, lá existem dois abrigos de montanha, a Casa de Pedra – um abrigo rústico e simples; e o abrigo de montanha onde ficamos – uma casa de alvenaria com uma estrutura um pouco melhor. Além disso temos a casa dos guardas e brigadistas do parque, os banheiros e pias e a enorme área de camping com alguns latões de lixo e mesas de madeira. Os abrigos não possuem banheiro no seu interior, os banheiros são de uso comum e tem uma boa estrutura também, contando com três pias, dois chuveiros (frios somente) e duas privadas. Em geral os banheiros são bem cuidados, mas durante períodos de grande movimento (finais de semana e feriados) o ambiente pode não ficar tão bom assim. Do lado de fora dos banheiros temos 3 pias para a lavagem de louças e utensílios de cozinha e um tanque para lavar roupas – uma estrutura bem interessante se comparada com a do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, aqui no Rio – que é muito mais simples.

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(Terreirão, com a casa de Pedra na parte de baixo da foto, o abrigo de montanha mais ao centro e os banheiros ao fundo)

Chegamos no Terreirão por volta das 14:30 da tarde, já que só começamos a subir as 13:00 por causa do horário que havia sido combinado com o rapaz que controla as mulas. Chegamos, arrumamos as coisas no abrigo de visitantes e demos uma volta pelo Terreirão para conhecer melhor a estrutura do parque. Neste dia nós fomos dormir cedo, já que estaríamos de pé por volta das 02:00 da manhã do dia seguinte para o ataque aos três picos principais do parque. Almoçamos, arrumamos as mochilas de ataque e separamos as roupas de frio que usaríamos durante a subida e depois no alto do Pico da Bandeira. O tempo estava ótimo, com um céu muito estrelado e sem nuvens. Por ser segunda-feira não tínhamos quase nenhum vizinho no Terreirão. Hora de dormir e nos preparar para o que viria de madrugada.

Essa foi a primeira parte do relato sobre a viagem de uma semana que fizemos ao Parque Nacional da Serra do Caparaó, na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. No próximo artigo irei falar da subida até o Pico da Bandeira e da ida ao Calçado e Pico do Cristal. Aguardem!!

Trekker, montanhista, mochileiro e ciclista. Pratica esportes outdoor desde 1990. Apaixonado por equipamentos, fotografia, viagens, ciclismo, cerveja e tecnologia.

11 Comentários

  1. E eu que achava que era detalhista, rs! Ótimo relato Mario! Muita informação boa pra quem quer ir pra lá, coisa que nós mesmo não encontramos! Show de bola!

  2. Parabéns pelo relato Mário!
    Passou um filminho td na cabeça e bateu aquela saudade dos dias q passamos juntos…valeu!!!

  3. Olá,

    Parabéns pela aventura. Eu fui com um amigo nos dias 21 e 22 de julho, logo após vocês.

    Nós tentamos atingir o Cristal mas não fomos bem sucedidos. Uns 40 minutos após o Calçado não conseguíamos nos orientar e aí voltamos.

    Lendos seus posts percebi que vocês são experts no assunto e assim gostaria de tirar uma dúvida. Onde posso encontrar um bom guia sobre alimentação em trekking. Este tem sido sempre meu calcanhar de aquiles nas minhas aventuras.

    Mais uma vez, parabéns pela aventura e boas mochiladas.

  4. Olá Sérgio, então, nós temos uma especialista em culinária no nosso grupo, trata-se da Carol Emboava, essa loirinha que está no primeiro comentário… A Carol está preparando um blog só pra falar sobre alimentação em trilhas e afins! Fique de olho por aqui pois eu vou indicar aqui no blog ou nos acompanhe pelo Twitter – @trekking e @carolemboava. Posso te garantir que será bem legal! Grande abraço e fique de olho nas novidades!

  5. Valeu pela resposta.

    Deixa então eu abusar da boa vontade com outra dúvida. Como sou super organizado deixei para comprar minha mochila na véspera da trip. Acabei pegando uma Deuter 55+15 Aircontact Pro. Muito legal, muito boa, com um porém, é o modelo SL, feminino, a única que tinha… Como tenho baixa estatura, 1,64m, o vendedor disse que tirando a florzinha que vem fica até legal pra mim pois ajusta melhor a corpos menos robustos. Não colou na hora, mas como era a única que tinha e nada mais podia procurar acabei levando. Excelente mochila, confortável, fácil de usar. Mas acabei lotando ela com todo o equipo, e como minha trip durou apenas uma noite, ou eu não soube escolher bem o que levar, ou o tamanho ficou pouco.

    Enfim, a dúvida é a seguinte, com esta mochila, 55+15 L, dá pra fazer uma mochilada na Chapada por 3 noites? Que volume de mochilas vcs usaram nesta aventura na Serra do Caparaó?

    Abraços!

  6. Ótima mochila mesmo, ainda mais para nós baixinhos… Agora para uma trip de uma noite eu levo no máximo uma mochila de 42l. Já fiz trips de 3 dias com uma mochila de 55l, mas estava com mais duas pessoas e dividimos a barraca entre as mochilas.

    As meninas do nosso grupo estavam usando mochilas de 50+10 para essa viagem de uma semana, Curtlo Highlander se não me engano. Eu estava com uma de 65+10. Estávamos sem barraca por que preferimos ficar no abrigo de alvenaria do Terreirão como eu falei no post, mas o espaço da barraca foi compensado com comida – tínhamos muita coisa nas mochilas. A grande regra neste caso é, controle a roupa uma trip de 3 dias dá pra fazer com duas mudas de roupa e a roupa que você vai e volta no corpo. Caso leve barraca não coloque ela dentro da mochila com a bolsa de transporte, tire a barraca da embalagem dela e acomode as partes dentro da mochila, redobre a barraca para que ela fique melhor. Lá tem água abundante, basta levar uma garrafa de 500ml para ficar perto da mão e uma de 2lts na mochila, ou um camelback.

    Eu quando viajo assim levo apenas a bota de trekking e um par de chinelos, menos volume. Roupas de dryfit ocupam menos espaço e esquentam mais que as de malha, e ainda são mais fáceis de lavar e secar. Calças e bermudas de tactel idem. Lá você não usará bermudas, pode cortar da sua mochila. Cuidado com o planejamento da comida, como vc está começando agora é melhor separar a comida em pacotes por dia, cada dia deve ter as refeições completas – café da manhã almoço ou lanche reforçado e jantar – nada muito pesado ou volumoso (enlatados e afins pesam muito). Fogareiro leve e pequeno – recomendo o Mini da Guepardo. Para 3 dias leve no máximo 2 cartuchos de gás. Essas são as dicas básicas, o resto você vai definindo. Não esqueça de um kit básico de primeiros socorros (inclusive com remédios básicos). Abraços e qualquer coisa escreva.

  7. Muito obrigado pelas dicas. Boas aventuras.

  8. Vim xeretar e já vou palpitar, rs! Sérgio, tem algumas dicas aqui ó: http://www.piaventura.com.br/planejamento-de-cardapio-para-trilhas/

  9. … voltei pra apreciar o blog e catar mais umas infos.

    Parabéns pelo relato, Visitei o pico uma semana antes, no feriado de Corpus Christi … o Nascer do Sol é Inenarrável e recomendo à qualquer amante da Natureza … o Frio é Lindo tambem, kkkk …

  10. Eu fui la em novembro de 2014 por essa mesma entrada (MG) e agora pretendo voltar pela entrada do ES..

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